quinta-feira, janeiro 18, 2007

Coisa de criança

Não se faz mais aniversários de criança como antigamente. É certo que não. O fator determinante é que quase não há crianças nos aniversários de criança. Sério. Repare. A independência feminina tem um preço, e parte dele é pago pelas festinhas infantis. Aquela história de meninos e meninas correndo loucamente em volta das mesas, comendo docinhos sem parar e tomando coca-cola como se fosse a última vez na vida é coisa do passado. Essa moda de ter um único filho e olhe lá traz prejuízos.
O pequeno número de pessoinhas com menos de 12 anos em tais eventos chega a dar pena, pois a escassez de crianças tem reflexo direto na empolgação das brincadeiras, no parabéns, no momento de estourar o balão-surpresa, na trilha sonora.
Dia desses, fiquei a filosofar num aniversário de um aninho. Os muitos balões coloridos e a decoração do Ursinho Puff (poluída demais para o meu gosto) até que disfarçavam a falta de crianças, mas não resolviam o problema.
Se bem me lembro, quatro palhaços animavam a festa. Acho que eles se deram conta de que a maioria do público era composta por tios e tias. Então, resolveram inovar: chamaram os adultos (primeiro as mulheres, depois os homens) para a “dança da cadeira”. Olha, foi um sucesso!
A velharada se divertiu como nunca. O DJ detonou no funk. A festa bombou. E isso sem ninguém perceber que as crianças estavam apenas olhando. Passaram de protagonistas a coadjuvantes. Murcharam.
Eu fiquei a lembrar que na minha infância as festas com palhaços eram raríssimas, mas isso não tinha a mínima importância. Brincava-se de tudo, comia-se de tudo, e as crianças voltavam pra casa sujas (de tanto correr), enjoadas (de tanto comer negrinho e beber coca-cola) ou com galo na testa (de tanto cair). As mães piravam, e os pais não davam a mínima, afinal, era coisa de criança mesmo.

2 comentários:

wagner disse...

nunca tinha pensado nisso, mas é verdade.

finalmente atualizei meu blog. dá uma olhada lá:
www.teor.theblog.com.br

Dopre Kleeg disse...

Oi, sou o Pedro. Amigo do Fernandão, que é teu amigo de infância. Bebemos juntos esses dias. O Fernando me passou teu blog. Legal como escreves. Assuntos mais subjetivos iriam render muito...

Fica na paz,
Pedro