domingo, agosto 28, 2005

Felicidade de pobre

Na semana que passou, fiquei feliz só em falar com a assessora de imprensa do Los Hermanos e ouvir dela um NÃO para uma entrevista que pretendia fazer com eles para a TV Foca. Imagina, só em falar com a mulher já fiquei emocionada. Se tivesse a oportunidade de entrevistá-los, provavelmente teria um piripaque antes. Pobre se contenta com pouco, né?...

sábado, agosto 27, 2005

Subindo a ladeira

Minha última obsessão musical, na voz de Elza Soares e Vander Lee:

Subindo a ladeira

Quando te vejo subindo a ladeira
Ponho minha roupa de domingo, toco violão
Lanço meu sorriso de Marcos Palmeira
Mostro meu corpinho fabricado pela malhação
Quando te vejo subindo a ladeira
Faço aquele tipo mauricinho que é de matar
Te chamo prum pagode lá em Madureira
Mostro o meu book da Sonora pra te impressionar
Por que você não vem me dar amor
Por que você não vem pra mim
Eu não sou garota de Ipanema
Mas você também não é um Tom Jobim

terça-feira, agosto 09, 2005

Ciúme

Perdi o controle. Fiz fiasco. Me escabelei. Cheguei ao ridículo.
Não estou me reconhecendo, definitivamente.
A vontade de escrafunchar as pistas é maior que o bom senso. A passionalidade está vencendo a tendência racional pensar e só depois agir.
Lembrei da música da Daniela Mercury: “Meu bem o ciúme é pura vaidade”. E odiei tudo isso.
Coisa de gente insegura sentir ciúmes... coisa de gente fraca...
Mas também, há tempos desisti de ser uma fortaleza (de parecer, jamais!).
A questão é a seguinte: desse jeito não dá. A coisa não pode continuar assim.
Ah, outra coisa, de repente chegou a hora de pagar os pecados, acertar as contas com o destino (ou o acaso). Como diria uma amiga querida “é para que haja o equilíbrio”.
Só tenho uma certeza: quem procura, acha. Por isso admito que viver na ignorância é muito melhor. Mania de jornalista querer procurar a verdade até onde ela não pode estar...

terça-feira, agosto 02, 2005

O tempo. Implacável, mas esclarecedor.

Pirei quando descobri esse poema do Padre Antônio Vieira. Escrito em 1643, imagine só!
Na verdade, ele fazia parte de um polígrafo de algum dos tantos semestres de Língua Portuguesa que fiz na Famecos e que tiveram pouca utilidade. O professor era o Bruno Jorge Bergamin, da Faculdade de Letras. Tinha uma idade já um pouco avançada, coitado. Até hoje não conheço outra pessoa que tivesse paciência e gostasse das aulas dele além de mim. Quando muito, alguém tinha consideração pelas tentativas dele de dar aula, um tanto quanto lentas e repetitivas.

Quando trabalhamos com esse poema em sala de aula (foi algo breve, nada muito aprofundado) me apaixonei pelo texto de imediato. Li e reli milhares de vezes. Me identifiquei, é lógico. Há pouco havia passado pela primeira experiência em que comprovei, de fato, a implacabilidade do tempo. E não foi nada feliz constatar isso. Sinceramente, ninguém tinha me avisado que a vida seria assim. Que nada dura para sempre, que o tempo “tira o gosto das coisas”, que depois de certo tempo de relacionamento a dois a gente nem sabe mais quem é e “foge”. E enfim consegue respirar.

Copiei o poema à mão e entreguei para a Tatiana Lemos, que, impressionada com a precisão das conclusões do tio Antônio, pendurou o papel em seu mural. Ela também tinha passado por poucas e boas que lhe fizeram odiar o poder de destruição do tempo. Também se identificou.

Pra mim o texto virou uma referência. Explica muito em poucas linhas. Dá luz àquelas situações nebulosas que se repetem inúmeras vezes ao longo da vida e que nunca perdem o ineditismo. Situações nas quais a falta de explicação sempre volta a angustiar como na primeira vez.

Por isso, sempre que meu “espírito” pede, volto a ler esse texto. Me conforta. Me convence de que não sou só eu. Dá a sensação de que a vida é cíclica mesmo e não vale a pena não se deixar levar por ela.
É... sabia muito esse Padre Antônio Vieira...

O Tempo e o Amor

O primeiro remédio que dizíamos, é o tempo. Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera? São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os Antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às cousas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o Ter amado muito, de amar menos.

Padre Antônio Vieira (Sermão do Mandato – fragmento – Século XVII )