quarta-feira, abril 15, 2009

Sabe quem perguntou por você? Dizaí!



Ontem uma amiga me ligou e, no meio de tanto assunto para atualizar, ela veio com essa:
- Débora, sabe quem perguntou por ti?
- Hum?
- O Fulano!!!!
- Hein?
- Sim!!!! Foi numa festa. Esqueci de te contar!!!! Ele que disse que faria qualquer coisa pra estar contigo hoje.
- Sério? Ele enlouqueceu?
- Não. Te juro. Ele falava “Porque aquela mulher...”.

Bem, estas palavras proferidas por ele ao vento, no embalo de algumas cervejas, sem responsabilidade, sem grandes reflexões sobre a veracidade e a importância delas, teriam feito o meu coração pular do peito há exatos dez anos. Não agora. A verdade é que o Fulano, meus amigos, balançou a minha vida durante a adolescência.

Foi naquela época em que os romances sempre fracassavam e as paixões platônicas ainda existiam. Ou o cara já tinha namorada, ou não tinha e passava a ter do dia pra noite, ou o rapaz morava longe, ou uma amiga tua se apaixonava antes. E o caso empacava, não ia pra frente, mas sempre na promessa de um dia o rolo emplacar. Teve apenas um namorinho meu que foi adiante nesses tempos, mas aí, com as coisas dando certo, eu achei que não tinha muita graça e terminei. Hoje o cara é um jovem empresário de sucesso que aparece na coluna social. Tá, fui moscona.

***

No caso do Fulano... não que ele fosse bonito, porque não era, mas um cara charmoso numa cidade pequena já faz um certo estrago. E digamos que ele aproveitava o fato de ter muita mulher dando sopa. Enquanto isso, eu idealizava o nosso namoro –- que nunca aconteceu –-, escolhia o nome dos filhos que teríamos e já sabia qual seria o nosso destino na lua-de-mel, a igreja em que casaríamos, os padrinhos, enfim. Acontece que o Fulano não era muito chegado em relacionamentos sérios. Então a gente acabou tendo uma história bem superficial, da qual restaram algumas fotos e um cd da extinta banda Penélope, com o qual ele me presenteou quando completei 16 anos. Naquele mesmo ano, lembro de ter comprado um cd do Doors para o Fulano. Ele gostava muito da música “People are strange”. E eu acabei aprendendo a gostar. Só que um dia me cansei e fui namorar outro. Ainda bem.

***

Agora, logo agora, como na música da Adriana Calcanhotto, o Fulano anda perguntando por mim. Agora que eu aposentei o cd da Penélope. Agora que eu seleciono bem mais as minhas paixões. Agora que eu não toleraria um homem de 30 anos que usa bermuda de surfista e tem gírias juvenis. Agora que eu sei que casar não é tão bonito assim. O tempo passou, meu bem. O nosso tempo passou. E embora tu tenha sido riscado do meu caderninho há mais de oito anos, Fulano, o que ficou da nossa história ainda rende post para este blog. E isso significa que, ao menos nas minhas lembranças, sempre vai ter um lugar pra ti.

- Amiga, diz pra ele que eu estou bem.

sexta-feira, abril 10, 2009

Uma vida sem ponto final

É o tipo da coisa que a gente não percebe aos 18 anos, mas aos 24 já consegue enxergar. Eu só "realizei" essa dificuldade quando, no primeiro ano da faculdade de jornalismo na Pucrs, segundo semestre, mas precisamente, o professor Jacques Wainberg me disse umas verdades ao final de uma prova. A disciplina era Introdução ao Jornalismo II. E ele jogou na minha cara algo que, no fundo, eu já sabia.

***

- Débora... tu escreveu tudo a lápis e agora está passando a limpo?
- Sim, professor. Mas não tem problema, é rápido.
- Mas tu sempre faz isso?
- Sim.
- Mas não pode. Agora tu estas na faculdade. Tem que escrever com caneta.
- Eu sei. Mas não consigo. Quando eu passo a caneta eu sempre mudo alguma palavra, descubro um erro que não tinha visto. Fica melhor.
- Isso é porque tu não quer fazer as coisas sem a chance de voltar atrás. Tem medo do definitivo. Tu precisa resolver isso.
- Pode ser.
- Tenta usar só caneta nas próximas provas.
- Sim.

***

As palavras do Jacques me fizeram entender um pouco a fobia que tenho de decisões que não poderão ser revertidas. Na vida, eu queria ter sempre a chance de passar a limpo, conferir, reler, mudar uma coisa que outra, ainda não era bem isso, falta um detalhe. Reescrever. Medo do definitivo mesmo, de não ter outra chance. Só que o tempo não espera, as pessoas não esperam. E aqui me encontro, já adulta, fugindo do ponto final.

segunda-feira, abril 06, 2009

Rosa

“Se tu não for no show do Roberto Carlos, tu nunca vai pegar a rosa.”

Meu pai, no churrasco de domingo, despejando frases de efeito para tentar me convencer de que é preciso fazer todos os concursos públicos que surgirem.