terça-feira, setembro 18, 2007

Escolhi o jornalismo porque sou imitona

Eu escrevia poemas aos 13 anos. Péssimos, lógico. Estava na sétima série. Sofria por amor. Escutava Legião Urbana, Cidadão Quem, Kid Abelha, tudo próprio da idade. E rádio. Era louca por FM. Dentro de mim, existia uma dor que não cabia no mundo e que as pessoas não estavam muito interessadas em saber do que se tratava (a não ser a minha psicóloga na época, que era paga pra isso). O jeito era escrever. Enchia diários, agendas e caderninhos que hoje são motivos de riso (sim, eu guardei tudo e volta e meia dou uma olhada para rolar de rir). Numa das agendas encontrei a palavra “saldade” escrita umas 57 vezes. Eu já estava meio velha para cometer esses erros de português, mas tudo bem. Morria de medo que a minha mãe lesse, que a minha irmã visse, que os colegas soubessem. Eram os meus segredos. Apesar do temor, escrevia. Ouvia rádio. Gravava músicas em fitas k7. Lia livros e me apaixonava pelos autores (se o Marcelo Rubens Paiva imaginasse...). Até que um dia me dei conta de que queria ser como os locutores que falavam no rádio, como os escritores que tinham coluna em jornal, como os repórteres que contavam as maravilhas da profissão quando eram entrevistados. Queria causar nas outras pessoas aquela admiração/identificação/e-por-que-não-paixão? que eu sentia por eles. Ser referência. Opinar sobre música, teatro, cinema, política (economia eu realmente nunca me interessei). Falar coisas nas quais as pessoas iam sair acreditando piamente. Passei a sonhar com redações esfumaçadas, amigos boêmios, vida social agitada. Mas eu tinha 14 anos, uma vida mais ou menos numa cidade provinciana e uma timidez que faria qualquer ser racional achar que aquela história não dava pé. Não sei direito como, mas com 18 anos eu estava na Famecos, a faculdade dos sonhos, mami propondo ano-novo em Cidreira para conseguir manter as mensalidades em dia, época de vacas magras. Depois vieram estágios que rendiam trocados para comprar calças jeans e tomar cerveja por aí, amigos e paixonites jornalisticamente interessantes ou não, mudança de mala e cuia para a capital. Foi mais ou menos assim que eu cheguei aqui, às vezes até sem acreditar que tudo é de verdade. Agora, caminho percorrido, não lago o osso!

segunda-feira, setembro 03, 2007

Já vai tarde, agosto

Sai ano, entra ano, e o azar inerente ao mês de agosto não sofre mudanças. Ô mezinho previsível. Não traz surpresas (como janeiro), nem sentimentos puritanos (como dezembro), nem saudades de tudo (como março), nem festas de casamento (como maio). Agosto é isso mesmo: rezar para que passe rápido, para que não faça tanto frio (como sempre faz), para que Murphy não dê as caras tantas vezes (e dá, a gente sabe), para que setembro invada o calendário sem demora, deixando a ventania e os cachorros loucos para trás, anunciando o calorzinho, os fins de semana na praia, os acampamentos, as cervejas freqüentes, as flores colorindo os poucos arbustos que restam na paisagem urbana, as saias-vestidinhos-tamancos-blusinhas (que facilitam a vida), o cabelo preso em rabo de cavalo por obrigação (até isso vira sinônimo de praticidade e de vida confortável).
Agosto, deu pra ti, cansei, vaza, pica a mula, abre fora, te manda, vai.

*Post deslocado, escrito no dia 31 de agosto e publicado em 3 de setembro porque a autora não sabe onde anda com a cabeça e esqueceu a nova senha do blog.