quarta-feira, junho 14, 2006

Já que alguns loucos gostaram...

Na disciplina de Produção de Revista, fomos chamados a escrever uma crônica. Tema livre (nada me dá mais medo). Superei a crise de inspiração e cumpri a tarefa. Aí vai o texto me custou uma noite de sono:


O mito da quantificação

Quantas Barbies enfileiradas seriam suficientes para dar uma volta ao mundo? Trezentos e sessenta e cinco miligramas de silicone é muito, bom ou pouco? Quantos casos Deborah Secco teve nos seis meses que antecederam seu namoro com o músico Falcão? Três anos é o tempo que um bom casamento leva para entrar em crise?
Jornais, revistas e internet vomitam diariamente estatísticas, probabilidades, números inutilmente valorizados. E lá vai a sociedade, anestesiada com a enxurrada de informações que recebe, incorporando o mito da quantificação. O amor, o prazer, a dor, a saudade, a angústia, o vazio: tudo é quantificável, medido. A vida é número, acredite! Tudo em cinco vezes sem juros. Desconto de 10% à vista ou no cartão. Tudo por R$ 1,99.
O que dizer do melhor amigo do homem? Sim, o celular. Sem ele ninguém vive. Alguns aparelhinhos luminosos, vibrantes e barulhentos têm capacidade para armazenar 500 números de telefone. Agora, alguém me diz, pra que isso? Providos de calculadora, cronômetro, calendário, despertador, ajudam os pobres mortais a tentar parar o tempo, que escorrega, foge, some. Não existe mais. Passou.
A sensação é de que vivemos numa permanente contagem. E regressiva. Horas, minutos, segundos. O tempo passa cada vez mais rápido. O dia ideal deveria ter, no mínimo, 30 horas. As 24 que temos não dão para nada. O próximo ônibus passa daqui a 15 minutos. Até as duas, mulher não paga. Corra, senão sai mais caro. Calcule, para ver se dá tempo.
Na televisão, mais números. A bolsa de valores, os últimos dados de pesquisas do IBGE, da FEE, do DIEESE, concorrem no quesito relevância com a previsão do tempo, que cada vez ganha mais espaço. Saber as máximas, mínimas e médias do dia é indispensáveis para quem está prestes a pôr o nariz para fora de casa. E se no aconchego do lar não deu para ver que temperatura fazia lá fora, as avenidas das grandes cidades salvam! Informam hora e temperatura exatas. Minutos e graus, perfeito, espetacular.
Números, muitos números, para alimentar uma sociedade na qual as pessoas fingem que somam, que multiplicam, quando na verdade subtraem o que vale à pena. Quantifiquemos, para agüentar viver o “menos pior”.

quinta-feira, junho 01, 2006

Resolução inevitável

Depois de começar a rezar para que o semestre acabe de uma vez, resolvi seguir a grande tendência dos alunos da Famecos (segundo Maikio Guimarães): Penso, logo desisto.