quinta-feira, fevereiro 28, 2008

A graça de prometer e não cumprir

O ano começa, de fato, na próxima semana. Março. Fim de férias. Pensando nisso me deu vontade de fazer promessas para 2008, com toda a graça de saber que não cumprirei nem a metade. Coisa boa prometer e não cumprir. Mudar de idéia no meio do caminho. Achar que o trajeto é longo demais. Pegar um atalho. Dobrar a esquina sem pensar duas vezes. Tchau, promessa, não te quero mais. E quando algum chato perguntar: “Mas tu não tinha dito que ia...?”. Não, disse coisa nenhuma. Não sei de onde tu tirou isso. Muito capaz!

Se eu fosse uma pessoa séria, prometeria e cumpriria o que segue:

*Periodicidade na academia, três vezes por semana e nunca menos do que isso (com o 2.4 batendo na porta, não há desculpa furada que cole).

*Começar a leitura de “Os Sertões” pela vigésima vez e concluir!

*Agilizar aquela pós-graduação.

*Ligar mais para os amigos que quase não vejo. Ligar mais para os que vejo sempre. Ligar para a minha mãe antes que ela ligue dizendo que eu nunca ligo. Ao mesmo tempo, controlar os gastos com telefone e tentar arrancar algum desconto mensal expressivo da GVT.

*Passar a anotar todos os compromissos na agenda, não contar com a capacidade mental de guardar tudo (sei que não funciona).

*Ir ao cinema com mais freqüência (abandonar a desculpa de que meus horários são "complicados").

*Aumentar a média de livros lidos por mês.

*Assinar alguma revista.

*Lembrar que a poupança do Banco do Brasil não vai crescer se eu continuar escolhendo somente a opção "ver saldo" na tela.

*Beber menos, em alguns casos.

*Beber mais, em outros.

*Começar a gostar de vinho.

*Parar um pouco de ler biografia de gente louca e de ficar afetada com as histórias de vida desse povo.

*Não detestar a psicóloga.

p.s. não olharei este post no final do ano.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

“Vocês acham que velho não faz Carnaval?”

Ficar em Porto Alegre no Carnaval significa que, se você não for assaltado na primeira noite, poderá encontrar uma noiva de 70 anos no Van Gogh, de branco mesmo, devidamente caracterizada, véuzinho e sandália de salto respeitável para uma jovem senhora. Isso por volta das 3h. Poderá ficar amigo dela e da irmã (de idade semelhante) e receber conselhos sobre como a mulher moderna (!) deve agir com os homens.

Segundo a noiva, que buscava um par, logicamente, e encontrou (!), rachar a conta está absolutamente fora de cogitação. Esqueça o “cada um paga o seu”, recomendou. Mas, por outro lado, é preciso ter a manha. “Tu não pede alguma coisa e faz ele pagar, tu sugere discretamente, dá a entender, e aí ele paga”. Seria algo do tipo: “Ai... como cairia bem uma champagne agora...”.

Se me contassem, eu não acreditaria. No entanto, testemunhei. O “noivo” surgiu, vindo de algum baile da terceira idade, e não pensou duas vezes antes de sentar junto às irmãs setentonas. Pagou champagne, guraná, comidinha. As duas se esbaldaram. Em uma espécie de pingue-pongue-do-amor-livre, hora o noivo estava sentando ao lado de uma, hora de outra, recebia carinhos na nuca e mandava baixar mais bebida. No momento em que a ala vinte-e-poucos-anos decidiu dar adeus aos novos-velhos-amigos, a frase do “noivo” resumiu a noite: “Vocês acham que velho não faz Carnaval?”.

Ok, não acho mais.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Progressistas, malucas e sensacionais

Era 1966. Estavam em uma boate no Rio de Janeiro:

Maysa: "Gauchinha de merda, você não canta nada".
Elis Regina: "Não me provoca não, sua pinguça".

Em seguida, voou uma garrafa de uísque. Roberto Menescal a teria segurado no ar, antes que o pesado objeto atingisse Elis.
Maravilhosamente doidas essas duas.

*quem conta é Lira Neto (Editora Globo, 2007) em "Maysa – Só numa multidão de amores"