domingo, junho 14, 2009

O Cerrado em mim

A poucos dias de completar 25 anos, um quarto de século de história, é difícil entender como a vida virou do avesso em tão pouco tempo. Mudei de emprego, de cidade, de casa. Me mandei com uma mala preta grande, uma mochila de acampamento, um quilo de erva mate, florais e uma penca de medos. Ficaram para trás um apartamento, casacos de inverno que ainda não haviam sido usados, violetas, uma chaleira azul, livros, discos, cds, suvenires bregas que coloriam a estante, álbuns de fotos, uma coleção de TRIPs e TPMs. E pessoas queridas. Muitas. Na Capital Federal, onde durmo, acordo, levanto, trabalho, reclamo, como, bebo e me divirto atualmente, a vida ora tem mais graça, ora menos. E eu me esforço para deixar de lado as comparações. Aqui, tempo seco. Sempre. Céu azul. Quase sempre. Sol de rachar. Todos os dias. Comida nordestina. Me aventuro. Prédios públicos. Transporte deficitário. Gente querendo fazer amizade com o primeiro que aparecer na frente, querendo preencher o vazio, sem muitos critérios. E eu caminhando pela rua meio tonta, emplastada em protetor solar, sem saber como estará a vida amanhã, sem rumo certo. Queria escrever mais sobre as minhas observações, mas o estranho se torna familiar aos meus olhos com uma rapidez tão grande que os detalhes já não são mais detalhes em um curto espaço de tempo e se eu paro para escrever as palavras saem correndo, escapam. Talvez isso seja facilidade de adaptação. Talvez seja vontade de não sentir falta. Talvez seja preguiça mesmo. Eu não sei. Realmente não sei. Só sei que daqui a pouco terei 25 anos, um quarto de século de história, e, para uma pessoa com esta idade, a vida até que não anda mal. Tô no caminho. Tô na estrada. Para sofrer com a parte difícil, alimentar o coração com a parte boa e, no intervalo entre um acontecimento e outro, encher a mala de sonhos. E a cara de cerveja. Eu só quero que as pessoas queridas não fiquem congeladas em fotos, lá atrás.

sábado, junho 13, 2009

Reflexões pós-diadozedejunho

Textos publicados na TPM nunca tinham me feito chorar. Diante do ineditismo (e de uma vontade inexplicável de compartilhar o que senti), achei que deveria reproduzir aqui as palavras da Lilly Lacome, na edição deste mês. Na verdade, eu gostaria de ter escrito isso:

Quero acordar do seu lado num domingo de manhã e saber que não temos hora para sair da cama. E, depois, ir tomar café na padaria e ler o jornal com você. Quero ouvir você me contando sobre o trabalho e falar detalhadamente de pessoas que eu não conheço nem vou conhecer como se fossem meus velhos amigos. Quero ver você me olhar entre um gole de café e outro, sem nada para dizer, e apenas sorrir antes de voltar a folhear o caderno de cultura.

Quero a sua mão no meu cabelo, dentro do carro, no caminho do seu apartamento. Quero deitar no sofá e ver você cuidar das plantas, escolher a playlist no iPod e dobrar, daquele seu jeito metódico e perfeccionista, as roupas esquecidas em cima da cama. E que, sem mais nem menos, você desista da arrumação, me jogue sobre a bagunça e me beije e me abrace como nunca fez antes com outra pessoa. E que pergunte se eu quero ver um DVD mais tarde.

Quero tomar uma taça de vinho no fim do dia e deitar do seu lado na rede, olhando a Lua e ouvindo você me contar histórias do passado. Quero escutar você falar do futuro e sonhar com minha imagem nele, mesmo sabendo que eu provavelmente não estarei lá.

Quero que você ignore a improbabilidade da nossa jornada e fale da casa que teremos no campo. Quero que você a descreva em detalhes, que fale do jardim que construiremos e dos cachorros que compraremos. E que faça tudo isso enquanto passa a mão nas minhas costas e me beija o rosto.

Quero que você nunca perca de vista a música da sua existência e que me prometa ter entendido que a felicidade não é um destino, mas a viagem. E que, por isso, teremos sido felizes pelos vários domingos na cama e pelos sonhos que compartilhamos enquanto olhávamos a Lua. Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os AMORES mais puros não entendem dívida nem mágoas nem arrependimento. Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo que vivemos.

Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco mais. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida.

Que você nunca mais deixe de pensar em mim quando for a Londres, escutar “Dream ‘Bout me” ou ler Nick Hornby. E, por fim, que você continue a dançar na sala. Para sempre. Mesmo quando eu não estiver mais olhando.

quinta-feira, junho 04, 2009

Na velocidade da luz


Dezoito dias na Brasília e nenhum post. É viver ou sentar para escrever. E eu tenho ficado com a primeira opção. Prometo posts decentes na seqüência, quando deixar de viver três dias dentro de um.