quinta-feira, março 26, 2009

A cracolândia da Luciana em Torres (e outros assuntos mais)

- Redação?
- Oi. Foi contigo que eu falei antes?
- Olha, imagino que não...
- Sobre a denúncia.
- É. Não foi comigo. O que seria?
- Eu tirei uma foto com o meu celular e quero mandar pra vocês. Quero fazer uma denúncia. Eu acabei de passar na frente do hospital aqui de Torres e tem lixo hospitalar ali na calçada. Um absurdo! Tem cateter, seringa, um monte de coisa. Aí tava escuro, não tinha luz pra tirar a foto, mas eu consegui uma lanterna emprestada com os bombeiros. Liguei pro 190, mas a Brigada disse que não pode fazer nada.
- Como é o teu nome?
- Luciana, de Torres.
- Tá... Luciana, será que tu poderia mandar a foto por e-mail, então?
- O problema é que eu não tenho cabo pra baixar, porque eu ganhei o celular numa promoção da Vivo, sabe? É da LG. Então eu teria que mandar a foto pro celular de alguém aí da redação, entendeu?
- Sei...
- Olha, eu quero fazer essa denúncia, mas os meus créditos vão acabar. Eu não posso ficar gastando.
- Ok, me passa o teu número que eu te ligo.

***

- Alô? Luciana?
- Oi!
- É da redação. Seguinte, não tem como tu mandar a foto por e-mail mesmo?
- Eu não tenho cabo.
- É... aí complica...
- Eu queria muito fazer essa denúncia. Porque é cada coisa que acontece aqui nessa cidade. Olha, nas eleições, o prefeito dava vale-gás pras pessoas pra conseguir voto. E nas carreatas dele só tinha carro com placa de outra cidade. Eu não sou daqui. Aliás, eu e o meu marido só vamos ficar mais um tempo. Mas tá horrível. E o crack? Olha, isso aqui tá a crackolândia! É por tudo essa droga. E se tu fala com a polícia eles dizem que não conseguem nem entrar lá na vila. A minha vizinha...
- Pois é, Luciana, eu te agradeço a ligação, mas...
- Eu amamentei o bebê da minha vizinha, porque ela é drogada, sabe. Tá tudo fora de controle nesta praia. Eles só investem em construção civil, sem licença ambientaaal, claro. É prédio novo pra lá e pra cá (e blábláblábláblá)...
- Sim, as coisas realmente não são fáceis. De qualquer forma, o nosso e-mail, caso tu consiga mandar a foto, é socorromeudeus@chega.com.br (bem que eu queria ter dito isso mesmo). Obrigada pela ligação, Luciana.
- Ah, de nada. Puxa, eu queria tanto fazer essa denúncia sobre o hospit...
- Eu sei. Valeu, então. Tchau.

terça-feira, março 10, 2009

Ajoelha, então

Essa história de Dia Internacional da Mulher rende mesmo. Um evento chamado "Ajoelhaço" reúne todo ano, em um bar da capital paulista, homens que pedem perdão às mulheres pelas "atrocidades cometidas". De joelhos, literalmente. Embora acredite que, hoje em dia, as moças não ficam atrás dos rapazes no quesito "crueldade com o sexo oposto", gostei disso.
Deve ser divertidíssimo.
Só podia ser em São Paulo. Só podia ser em boteco. E a idéia foi de um poeta.
Dá uma olhada aqui.

segunda-feira, março 09, 2009

Adriana, as novelas e eu

Acho que foram algumas novelas da Globo que fizeram eu me apaixonar pela voz da Adriana Calcanhotto. Talvez tudo tenha começado com a péssima "Renascer", em 1992. “Mentiras”, do disco “Senhas”, que estava na trilha da novela, foi uma das primeiras músicas que eu gravei em fita K7 para ouvir depois até gastar.
“Nada ficou no lugar
Eu quero quebrar essas xícaras
Eu vou enganar o diabo
Eu quero acordar sua família
(...)
Que é pra ver se você volta,
Que é pra ver se você vem,
Que é pra ver se você olha,
Pra mim”

Parece estranho uma criança de 8 anos ouvir isso, mas eu lembro que, naquela época, a Adriana cantava até no Show da Xuxa. Então eu não era precoce. Olhava muita tevê mesmo.

****

Dois anos depois a Globo colocou no ar “Quatro por Quatro”, novela pela qual eu realmente era aficionada. Desta vez era “Metade”, do disco "A fábrica do poema" (1994), trilha sonora do casal Babalu e Raí, que me fazia companhia nos momentos de fossa (mas como uma criança de 10 anos tem “fossa” pra curtir, deusdocéu? não sei, mas foi assim)
“Eu perco o chão
eu não acho as palavras
eu ando tão triste
eu ando pela sala
eu perco a hora
eu chego no fim
eu deixo a porta aberta
eu não moro mais em mim

Eu perco as chaves de casa
eu perco o freio
estou em milhares de cacos
eu estou ao meio
onde será que você está
agora?”

****

O tempo foi passando e chegou uma fase em que eu gostava do que a Adriana cantava independentemente das trilhas sonoras de novela, embora as músicas dela, durante quase toda a década de 1990, tenham servido de fundo romântico para casais globais. Em 1998, com 14 anos, tempos em que eu ainda gravava as tais fitas K7, quase enlouqueci ouvindo “Vambora”, do cd “Marítimo”, e pensando em uma paixonite de verão que não sobreviveu nem ao outono. A música foi trilha da novela Torre de Babel (a Wikipédia que me disse, já que essa eu não assisti).
“Entre por essa porta agora
e diga que me adora
Você tem meia hora
pra mudar a minha vida

Vem, vambora
que o que você demora
é o que o tempo leva”

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Mas foi o álbum "Público" (2000) que me fez pirar. Tinha 17 anos e comprei o cd com meu primeiro salário de estagiária, na Multisom da Rua da Praia, aquela perto do shopping. Só que aí tinha novela no meio de novo. Numa noite eu escutei “Devolva-me” em “Laços de Família” – a música era tema de um casal muito sem-gracinha. No outro dia eu estava na loja comprando o cd. Foi proveitoso porque, nesta fase, eu já tinha maturidade para ouvir com atenção todas as faixas.
“Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim será melhor
Meu bem

O retrato que eu te dei
Se ainda tens
Não sei
Mas se tiver
Devolva-me

Deixe-me sozinho
Porque assim
Eu viverei em paz
Quero que sejas bem feliz
Junto do seu novo rapaz”

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Do cd Cantada, de 2002, gosto de quase tudo. Music eu acho que vai longe demais. Justo Agora e Pelos Ares não consigo só ouvir. Sempre canto junto. No meu mp3, atualmente, só dá “Eu espero”.
“Não vá me deixar
sem seu beijo
Se tudo o que há
não é muito mais
do que o momento”

****

Prometi pra mim mesma que o “Adriana Partimpim” (2004), supostamente destinado ao público infantil e com o qual já presenteei duas crianças, constará na minha lista de compras da Saraiva (frete grátis, coisaetal) no mês que vem. O disco "Maré", de 2008, confesso que só ouvi umas duas vezes e ainda não bateu. No entanto, tem uma música que a Adriana vem cantando nos shows que merece destaque. É “Meu Mundo e Nada Mais”, do Guilherme Arantes, que foi tema da Glória Pires na novela “Anjo Mau”.

Dia desses a Adriana deu uma entrevista para a Globo News e contou sobre o piripaque aquele que ela teve em Portugal, quando tomou uns remédios para gripe e, devido a uma reação inesperada do organismo aos medicamentos, começou a ver gnomos. A única coisa que a acalmava era escrever. E foi o que ela fez.

Então nasceu o livro “Saga Luza” (que também está na lista de compras do mês que vem), no qual a cantora narra a tal experiência com as alucinações. Passado susto e com uma série de shows pela frente, ela só conseguia pensar na música do Guilherme Arantes, que foi incorporada ao espetáculo. Agora sou eu não consigo parar de pensar nesta música. E canto junto. E escuto de novo. Outra vez. E quase choro. Mais ou menos como quando eu tinha uns 10 anos.

domingo, março 08, 2009

Não é preciso entender

No Dia Internacional da Mulher, quero manifestar minha admiração pelos homens que não nos entendem, mas são absolutamente fascinados pela nossa complexidade. Um deles é o amado idolatrado salve-salve do mundo jornalístico Xico Sá, que até quando escreve sobre a classe masculina mostra que realmente saca o universo feminino. O texto que segue (de autoria dele) explica.

TEORIA DO CAFA

O cafajeste ou é um doce cafajeste, um cafajeste lírico, poético, romântico, decente... Ou é muito risível. Não há outra saída para este animal. Ou tem a manha ou torna-se caricato na primeira piscadela.

Ou é Paulo Cesar Pereio ou apenas um ensaio de Didi Mocó Sonrisal. Didi é gênio, ora, mas é macaco de outro galho. O cafajeste amador é uma piada. Quer traçar todas e a nenhuma se devota. Blefe. Não sabe, nem nunca procurou saber, que no amor e no sexo, não existe mensalão nem milagre.

O cafa poético não é nada óbvio. Sabe, inclusive, que nem só de gostosas vive o homem. É capaz de devotar-se àquela mulher que ninguém dá nada por ela. E de repente descobre que trata-se de um sexo sem precedentes, um vulcão nunca dantes despertado para as artes da alcova.

O cafa amador parece vestir-se sob encomenda de uma figurinista. Camisa aberta, corrente, falsa malandragem, cafuçu de araque, essas coisas. E sempre um pé no metrossexualismo ou na tendência. No cafa romântico qualquer peça lhe cai bem, pois a ciência da sua pegada está no olho e no drinque caubói, claro.

O doce cafajeste entra no saloon e não atira para todo lado. Não gasta balas à toa. Sempre escolhe um alvo. O caricato e amador gasta as balas do colt até com as mulheres dos amigos, embora não tenha arma para matar sequer uma formiga.
O falso cafa é só “garganta”. Transando ou não transando,diz que transou, e espalha a lenda urbana. Seu caminhãozinho não perde a viagem... Mas areia que é bom de verdade... O cafajeste romântico é discreto.

Acredita sobretudo, e caso a caso, na arte da conquista, na devoção pura e simples. Nem que seja por uma noite apenas e nada mais. Diante dele, toda mulher se sente uma deusa, uma Vênus. O canalha amador faz falsas promessas. O cafa romântico, predador evoluído, sabe que a fêmea moderna pode muito bem estar querendo _estarei gozando, como diria uma profissional gerúndica do telemarketing!!!_ apenas sexo.

O cafa caricato se acha. O doce cafa sabe que hoje está por cima e amanhã pode muito bem estar por baixo _mas que seja, pelo menos, de uma bela moça, claro.
No catecismo do cafa romântico, não há nojinhos nem proibições. O amador é asséptico e limpinho.

O cafa sexy, senhores, se pudesse, voltava para o útero por dentro da mulher mais linda da cidade, como na crônica do amor louco do velho safado Charles Bukowsky.
O amador se contenta, muitas vezes, com um sexozinho virtual no Messenger. Sem cheiros, sem odores, nada visceral. Ele ainda não sabe, como soprou aqui mil vezes o passarinho Kac, que para curar um amor platônico é preciso uma bela trepada homérica.

sexta-feira, março 06, 2009

Mulher moderna é o caralho

Uma semana tomando banho gelado. Uma gripe como consequência. Mais de R$ 300,00 gastos com o conserto do Junker. Caminhando para a falência. E eu achava que era bem mais fácil ter ninho-próprio.

*com o detalhe de que moro sozinha há quatro anos.

quinta-feira, março 05, 2009

"Topera"

Putz... colocaram câmera de vídeo no elevador do meu prédio e eu não sabia.
Vergonha.
:/

quarta-feira, março 04, 2009

Heineken

Será que me aceitariam no segundo grupo?