quarta-feira, setembro 09, 2009

Comunico que...

... agora escrevo em novo endereço. Atualizem os links, por favor:
http://canseidelero-lero.blogspot.com/

domingo, julho 26, 2009

Acabou, boa sorte

Eu aprendi - e não foi nada rápido, lá se vão 25 anos - que a certa altura da vida a gente deve terminar as coisas de maneira decente. E que dar tchau reconhecendo a parte boa do que foi vivido nos livra do peso e do gosto amargo do que um dia os outros podem chamar, equivocadamente, de ingratidão. Porque o silêncio às vezes é interpretado como ingratidão. O meu silêncio muitas vezes é.

O “Divagações e Paranóias”, cujo primeiro post, por sinal muito medíocre, data de junho de 2005, me acompanhou desde a metade da faculdade. Relendo as bobagens que escrevi, consigo rever um pouco da minha história. Em alguns momentos, rolaram sacadas legais, e com o que de bom publiquei acabei ganhando a simpatia de colegas que tinham dificuldade em decifrar o meu silêncio, me aproximei de potenciais amigos, angariei pretendentes involuntariamente, gargalhei e bufei com as interpretações mais mirabolantes a respeito de textos despretensiosos. É por tudo isso que valeu a pena.

Despeço-me com o sentimento confortante de que foi bom enquanto durou. E com a mais pura certeza de que, aos 25 anos, este espaço pós-adolescente não me serve mais. É preciso terminar uma fase para conseguir começar outra, já escreveram os mestres da autoajuda. E eu prefiro acreditar que, sim, esse é o caminho. O que quer dizer, meus amigos, que em breve a Cruz estará de volta, num espaço minimamente renovado. Como bem cantou o grande Belchior: “o passado é uma roupa que não nos serve mais”.

Tchau, gente.
Obrigada pela companhia.
Nos vemos!
Um beijo.

domingo, junho 14, 2009

O Cerrado em mim

A poucos dias de completar 25 anos, um quarto de século de história, é difícil entender como a vida virou do avesso em tão pouco tempo. Mudei de emprego, de cidade, de casa. Me mandei com uma mala preta grande, uma mochila de acampamento, um quilo de erva mate, florais e uma penca de medos. Ficaram para trás um apartamento, casacos de inverno que ainda não haviam sido usados, violetas, uma chaleira azul, livros, discos, cds, suvenires bregas que coloriam a estante, álbuns de fotos, uma coleção de TRIPs e TPMs. E pessoas queridas. Muitas. Na Capital Federal, onde durmo, acordo, levanto, trabalho, reclamo, como, bebo e me divirto atualmente, a vida ora tem mais graça, ora menos. E eu me esforço para deixar de lado as comparações. Aqui, tempo seco. Sempre. Céu azul. Quase sempre. Sol de rachar. Todos os dias. Comida nordestina. Me aventuro. Prédios públicos. Transporte deficitário. Gente querendo fazer amizade com o primeiro que aparecer na frente, querendo preencher o vazio, sem muitos critérios. E eu caminhando pela rua meio tonta, emplastada em protetor solar, sem saber como estará a vida amanhã, sem rumo certo. Queria escrever mais sobre as minhas observações, mas o estranho se torna familiar aos meus olhos com uma rapidez tão grande que os detalhes já não são mais detalhes em um curto espaço de tempo e se eu paro para escrever as palavras saem correndo, escapam. Talvez isso seja facilidade de adaptação. Talvez seja vontade de não sentir falta. Talvez seja preguiça mesmo. Eu não sei. Realmente não sei. Só sei que daqui a pouco terei 25 anos, um quarto de século de história, e, para uma pessoa com esta idade, a vida até que não anda mal. Tô no caminho. Tô na estrada. Para sofrer com a parte difícil, alimentar o coração com a parte boa e, no intervalo entre um acontecimento e outro, encher a mala de sonhos. E a cara de cerveja. Eu só quero que as pessoas queridas não fiquem congeladas em fotos, lá atrás.

sábado, junho 13, 2009

Reflexões pós-diadozedejunho

Textos publicados na TPM nunca tinham me feito chorar. Diante do ineditismo (e de uma vontade inexplicável de compartilhar o que senti), achei que deveria reproduzir aqui as palavras da Lilly Lacome, na edição deste mês. Na verdade, eu gostaria de ter escrito isso:

Quero acordar do seu lado num domingo de manhã e saber que não temos hora para sair da cama. E, depois, ir tomar café na padaria e ler o jornal com você. Quero ouvir você me contando sobre o trabalho e falar detalhadamente de pessoas que eu não conheço nem vou conhecer como se fossem meus velhos amigos. Quero ver você me olhar entre um gole de café e outro, sem nada para dizer, e apenas sorrir antes de voltar a folhear o caderno de cultura.

Quero a sua mão no meu cabelo, dentro do carro, no caminho do seu apartamento. Quero deitar no sofá e ver você cuidar das plantas, escolher a playlist no iPod e dobrar, daquele seu jeito metódico e perfeccionista, as roupas esquecidas em cima da cama. E que, sem mais nem menos, você desista da arrumação, me jogue sobre a bagunça e me beije e me abrace como nunca fez antes com outra pessoa. E que pergunte se eu quero ver um DVD mais tarde.

Quero tomar uma taça de vinho no fim do dia e deitar do seu lado na rede, olhando a Lua e ouvindo você me contar histórias do passado. Quero escutar você falar do futuro e sonhar com minha imagem nele, mesmo sabendo que eu provavelmente não estarei lá.

Quero que você ignore a improbabilidade da nossa jornada e fale da casa que teremos no campo. Quero que você a descreva em detalhes, que fale do jardim que construiremos e dos cachorros que compraremos. E que faça tudo isso enquanto passa a mão nas minhas costas e me beija o rosto.

Quero que você nunca perca de vista a música da sua existência e que me prometa ter entendido que a felicidade não é um destino, mas a viagem. E que, por isso, teremos sido felizes pelos vários domingos na cama e pelos sonhos que compartilhamos enquanto olhávamos a Lua. Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os AMORES mais puros não entendem dívida nem mágoas nem arrependimento. Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo que vivemos.

Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco mais. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida.

Que você nunca mais deixe de pensar em mim quando for a Londres, escutar “Dream ‘Bout me” ou ler Nick Hornby. E, por fim, que você continue a dançar na sala. Para sempre. Mesmo quando eu não estiver mais olhando.

quinta-feira, junho 04, 2009

Na velocidade da luz


Dezoito dias na Brasília e nenhum post. É viver ou sentar para escrever. E eu tenho ficado com a primeira opção. Prometo posts decentes na seqüência, quando deixar de viver três dias dentro de um.

terça-feira, maio 05, 2009

Analfabetismo

O povo tem uma idéia ingênua de que jornalista entende de português, é bem informado, sabe muito sobre assuntos diversos. Só que isso não corresponde à realidade dos fatos. As frases mais absurdas que eu ouvi até hoje na vida foram proferidas dentro da redação de um jornal. Por profissionais formados, diplomados. Gente que, supostamente, sabe escrever, lê bastante, interpreta. Tudo bem que os cursos de jornalismo são fracos. Tudo bem que às vezes a gente trabalha tanto que o cérebro pára de funcionar. Mas para certos casos não há desculpa.
A seguir, perguntas surgidas no ambiente de trabalho que eu gostaria de ter sonhado que ouvi:

- A Mangueira desfila no Rio ou em São Paulo?

- Suíça é um estado?

- Case... o que é case?

- “A Bush” leva crase?

- Trinidad Tobago é a capital da Venezuela?

E ainda:

- Tu tem que dizer na tua matéria que o Clodovil, além de deputado, foi estilista.
- Foi? Ah, mas eu não sei nada sobre isso.

Medo. Muito medo.

quarta-feira, abril 15, 2009

Sabe quem perguntou por você? Dizaí!



Ontem uma amiga me ligou e, no meio de tanto assunto para atualizar, ela veio com essa:
- Débora, sabe quem perguntou por ti?
- Hum?
- O Fulano!!!!
- Hein?
- Sim!!!! Foi numa festa. Esqueci de te contar!!!! Ele que disse que faria qualquer coisa pra estar contigo hoje.
- Sério? Ele enlouqueceu?
- Não. Te juro. Ele falava “Porque aquela mulher...”.

Bem, estas palavras proferidas por ele ao vento, no embalo de algumas cervejas, sem responsabilidade, sem grandes reflexões sobre a veracidade e a importância delas, teriam feito o meu coração pular do peito há exatos dez anos. Não agora. A verdade é que o Fulano, meus amigos, balançou a minha vida durante a adolescência.

Foi naquela época em que os romances sempre fracassavam e as paixões platônicas ainda existiam. Ou o cara já tinha namorada, ou não tinha e passava a ter do dia pra noite, ou o rapaz morava longe, ou uma amiga tua se apaixonava antes. E o caso empacava, não ia pra frente, mas sempre na promessa de um dia o rolo emplacar. Teve apenas um namorinho meu que foi adiante nesses tempos, mas aí, com as coisas dando certo, eu achei que não tinha muita graça e terminei. Hoje o cara é um jovem empresário de sucesso que aparece na coluna social. Tá, fui moscona.

***

No caso do Fulano... não que ele fosse bonito, porque não era, mas um cara charmoso numa cidade pequena já faz um certo estrago. E digamos que ele aproveitava o fato de ter muita mulher dando sopa. Enquanto isso, eu idealizava o nosso namoro –- que nunca aconteceu –-, escolhia o nome dos filhos que teríamos e já sabia qual seria o nosso destino na lua-de-mel, a igreja em que casaríamos, os padrinhos, enfim. Acontece que o Fulano não era muito chegado em relacionamentos sérios. Então a gente acabou tendo uma história bem superficial, da qual restaram algumas fotos e um cd da extinta banda Penélope, com o qual ele me presenteou quando completei 16 anos. Naquele mesmo ano, lembro de ter comprado um cd do Doors para o Fulano. Ele gostava muito da música “People are strange”. E eu acabei aprendendo a gostar. Só que um dia me cansei e fui namorar outro. Ainda bem.

***

Agora, logo agora, como na música da Adriana Calcanhotto, o Fulano anda perguntando por mim. Agora que eu aposentei o cd da Penélope. Agora que eu seleciono bem mais as minhas paixões. Agora que eu não toleraria um homem de 30 anos que usa bermuda de surfista e tem gírias juvenis. Agora que eu sei que casar não é tão bonito assim. O tempo passou, meu bem. O nosso tempo passou. E embora tu tenha sido riscado do meu caderninho há mais de oito anos, Fulano, o que ficou da nossa história ainda rende post para este blog. E isso significa que, ao menos nas minhas lembranças, sempre vai ter um lugar pra ti.

- Amiga, diz pra ele que eu estou bem.