quarta-feira, setembro 28, 2005

Depois de muito tempo, o dia em que tive vontade de ser jornalista!

Cais do Porto. Quarta-feira, 28 de agosto. Dia ensolarado.

16h:
Débora Cruz entrevista o Major do Corpo de Bombeiros responsável pelo treinamento aquático de futuros sargentos. A pauta caiu do céu para a TV Foca. Os bombeiros não complicaram. Aceitaram ser entrevistados. Os alunos (que são soldados) deram uma volta de lancha pelo Guaíba para ter as primeiras “noções de navegação”. Perguntamos para o Capitão Jéferson se não poderíamos “passear” na lancha também. Usamos a desculpa de fazer algumas imagens. Ele topou. As repórteres (Débora e Lizandra) não perderam tempo. O Adriano (cinegrafista) muito menos.

17h:
Todos a bordo. Passeio pelas ilhas (dos Marinheiros, das Flores, da Pintada). Como a questão ali era jornalística, chegou a hora de fazer a Passagem. Texto decorado, microfone na mão, colete salva-vidas, lancha em movimento, sol e muito vento na cara. – Tá valendo! (grita o Adriano).
No momento em que gravava o texto, senti novamente algo há tempos estava me fazendo falta: vontade de ser jornalista. Um dia qualquer da semana, uma pauta que aparece do nada, um passeio pelo Guaíba com os bombeiros.
O jornalista vive a cada dia uma vida nova. Uma vida emprestada. Mergulha numa história e sai dela antes que consiga senti-la por inteiro. Conhece coisas e situações que poucos têm acesso. E depois conta tudo isso para os outros. E as pessoas, ao assistirem uma reportagem ou lerem uma matéria, descobrem algo que não conheciam.
Quem é que se lembra que bombeiro não serve só para apagar incêndio?

A vida acaba onde começa o “reino de Deus”

Essa frase eu não podia deixar passar em branco. Não só pela insana coerência da afirmação, mas também porque fui criada sob o amparo, a proteção da idéia de que o REINO DE DEUS é tudo. Estranho pensar que nada disso existe. E talvez mais estranho seja o fato de que a grande maioria acredita firmemente no “mundo superior” sem ter parado sequer uma vez pra pensar se isso tudo faz sentido. Mas aí aparece outro problema: sem acreditar em nada, como é possível ir adiante? A ilusão talvez não seja tão perversa assim...
Deixemos de lado a minha educação kardecista e voltemos à frase. Sobre ela é possível fazer observações interessantes! Para muitos, sonhar com as maravilhas do Reino de Deus é uma das únicas formas de consolação que permite levantar com ânimo para um novo dia de trabalho (ou para mais uma etapa da jornada). Para outros seres (os que, segundo o espiritismo, terão como destino o umbral), a existência do Reino de Deus realmente significa CASTRAÇÃO. A perspectiva evolucionista exige cautela a cada passo dado. Pensar antes de agir (e durante também!). As atitudes de hoje irão traçar os caminhos que iremos percorrer amanhã. Todo cuidado é pouco. Só orar não basta: é preciso vigiar! Ter cuidado com os sentimentos mundanos, com as más companhias. Não desistir de ir atrás da evolução. Ah, muito importante: é vital exercitar a caridades, pois só ela salva (sim, no espiritismo é a caridade, e não Jesus, que representa a salvação).
E, seguindo a lógica de Nietzsche, existe vida onde matamos todas as possibilidades de revelação do instinto? Vida talvez exista, mas não vida feliz.

segunda-feira, setembro 05, 2005

Um pouco de Nietzsche ou conversa pra mesa de bar

Ter lido algo do Nietzsche é fundamental para quem abomina ficar sem assunto em uma mesa de bar. É simplesmente obrigatório ter passado os olhos por, no mínimo, duas obras do cara. Caso se saiba pouco sobre ele, ou quase nada, e se esteja em um boteco participando de uma conversa regada à cerveja, não ter o que dizer é quase que inevitável.
Essa parte eu já superei. Depois de ter constatado que já estava bem grandinha pra usar a desculpa “poxa, só tenho 21 anos, ainda não li tudo que devia, mas com calma eu chego lá”, encarei o tal do Hecce Homo – Como se chega a ser o que se é. E não me arrependi. Além do conteúdo ter a ver com o momento que estava vivenciando na época da leitura, já tenho uma carta na manga para o momento que Nietzsche surgir num papo de bêbados metidos a intelectuais.
Agora, na madrugada de uma sexta-feira, chegando em casa depois de algumas cervejas, disse pra mim mesma: “ta na hora de dar seqüência à obra do Nietzsche”. Sim, pois sei que ter lido só um livro dele é quase o mesmo que não ter lido nada. E sei também que deixar a leitura para amanhã não é uma boa idéia. E pretendo reforçar o meu momento “descrença com os costumes aprendidos desde sempre”.