quinta-feira, dezembro 11, 2008

Então eu esperei 24 anos por um presente


É Natal. E de uns anos pra cá esta data tem mexido comigo. Não sei ao certo o motivo. Talvez seja o fato de que a celebração envolve família. E desde que passei a morar em Porto Alegre, o convívio ficou escasso. O coração volta e meia aperta quando penso nisso.

Meu sobrinho já é quase um homem (como eu exagero), meus pais já não têm a mesma vitalidade. Quando reencontro os tios, vejo que o número de cabelos brancos tem aumentado de forma considerável. E eu acompanho tão pouco, aqui, do outro lado do rio.

Bem, mas a questão é que o Natal deixa todo mundo meio sentimental, até quem nunca é sentimental. Hoje é dia 11 e eu já recebi dois presentes referentes à data! Um deles, de uma amiga especial, que é ansiosa e não agüentaria esperar até o dia 25; outro, do meu pai.

Ao visitá-lo no fim de semana, ele me chamou até o quarto, como se tivesse algum grande segredo para contar. Então buscou uma caixinha retangular, estampada com flores verdes e amarelas. Lá fui eu, curiosa. “Isso aqui é pra tu poder tomar chimarrão com uma bomba certa para o tamanho da cuia, pra não precisar ficar usando aquela tua, que é muito grande.”

Ganhei uma bomba de chimarrão linda, feita em ouro e prata, detalhe para o qual eu não ligo muito, mas que o meu pai acha vital. Achei curiosa a escolha dele: presentear-me justamente com algo que nem eu sabia que estava precisando.

Destaco: desde que me entendo por gente, não lembro de meu pai ter me dado algum presente. Sério. Só que eu nunca considerei isso um problema, porque sei que ele é desligado, que não se importa muito com Natal nem com presentes caros em datas criadas para nos levar à falência.

No entanto, admito: a bomba de chimarrão “feita sob medida” me tocou. E eu esperaria mais 24 anos pra ganhar algo tão bem escolhido, tão significativo e ao mesmo tempo tão simples. Natal emociona (tá, pode rir, vai).

2 comentários:

Alexandre Alliatti disse...

Teu pai é massa.

Anônimo disse...

Também fiquei tocada com a demonstração do teu pai, ainda mais porque me fez lembrar do teu avô Ruben, com seu eterno chimarrão na cadeira de balanço... Saudades...