quarta-feira, agosto 06, 2008

Um dia e meio em São Paulo


A minha missão era conseguir o visto para os Estados Unidos, já que pretendo dar um alô para o Bush em breve. Um dia e meio em São Paulo, ida e volta com passagens promocionais da Gol, entrevista às 8h no Consulado. A minha vida em documentos, tudo separadinho com clipes, estava organizada em uma pastinha, a fim de provar que não tenho ligação com grupos terroristas. Antes das 7h Débora Cruz garantiu seu lugar na fila, ao lado de famílias que planejam ir à Disney e executivos que viajarão a trabalho. A tal entrevista, que ocorreu cerca de duas horas depois, após chá de banco, deve ter durado um minuto. Talvez nem isso. Um homem com o sotaque do Henry Sobel, o rabino das gravatas, me fez perguntas através de um vidro. Tive de responder por meio de um telefone! Coisas básicas, do tipo cidade em que pretende ficar, lugar em que trabalha e se tem parentes nos EUA. Às 9h30min eu saí de lá dando pulinhos, após ter ouvido “Visto concedido” e com tempo de sobra para passear por Sampa. Resolvi coordenar os neurônios e pegar ônibus+metrô. Deu certo e cheguei ao Masp, me achando muito sabida – eu tenho dificuldades com “direita” e “esquerda”, com o metrô de São Paulo então... imagine você. O momento cômico da viagem sempre chega. Pelo menos comigo é assim. E, no caso, foi no museu, enquanto eu observava uma escultura. Estava ali, pensando como alguém consegue reproduzir um joelho humano em mármore, meu Deus, é muita genialidade, que coisa, olha a perfeição. Um homem pára ao meu lado. Observa a obra. Compartilha:
- Lindo, né?! Ele demorou dez anos para fazer isso.
- Nossa, incrível.
- Tu é artista?
- Não, não, sou jornalista.
- Ah, que legal. Então eu vou aproveitar para te entregar um release sobre o meu trabalho...
- Sim, claro, obrigada.
Peguei o papel, dei um sorrisinho – devo ter ficado vermelha – e fugi. Segui para outro corredor, ri sozinha, dei uma olhada rápida no material: “Carlos Estigarribia: ator e violinista performático”. Dizia ainda “escritor e dramaturgo”. O resto do texto eu só fui ler em Porto Alegre, um dia depois, no aconchego do meu apartamento e em meio a risadas.
Agora, as conclusões possíveis:
1) Preciso aproveitar momentos como este para aprender a ser cara-dura;
2) Dependendo do ponto de vista, o mundo é mesmo pura diversão.

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