quinta-feira, agosto 07, 2008

Festa de família (para ler em capítulos)


Aniversário de 15 anos em uma cidade do interior: Uma prima vestida para o Oscar, outra com penteado “novela das 8”, a ex-mulher do tio dançando com tiara de diabinha para provocar a atual, metade da festa usando casaco da mesma cor e eu aprendendo a dançar o créu com a prima de 10 anos. É pouco?


Eu preciso escrever sobre o maior evento familiar ocorrido nos últimos tempos, ou melhor, o único evento de peso promovido por membros da minha família até hoje. Uma festa para 400 pessoas no clube mais fino da cidade de Guaíba. Decoração de arrasar, com a temática “borboletas”. Comida ótima, cerveja gelada e vinho para os menos chinelos. O povo todo bem vestido – o meu pai, por exemplo, colocou gravata pela segunda vez na vida. Festa animadérrima, comandada por dois caras que usavam pernas-de-pau e vestiam roupas coloridas. E a aniversariante, linda e loira, que cumpriu o ritual de dançar a valsa e trocou de vestido duas vezes durante a noite. Não é sempre que a província vive um momento desses.

Você aqui!

Ir a Guaíba, pra mim, é como entrar no túnel do tempo. No fim de semana em que o aniversário da minha prima Roberta parou a cidade, eu encontrei meio mundo em uma liquidação de calçados para onde a minha mãe me arrastou durante a manhã (tios, tias e ex-amigas do jardim de infância). À tarde, dei de cara com 60% da ala feminina da família no salão de beleza. Também estavam lá ex-desafetos, como uma moça que roubou um namoradinho que eu tinha aos 13 anos. Fingi que não conhecia. Ela também. Em cinco segundos eu vi a pré-adolescência passar pela minha cabeça em flashes. A manicure me chamou para a realidade (ainda bem).
– Tu vai querer pintar de jabuticaba mesmo? Também tem ameixa, cereja, carmim...
– Isso, jabuticaba.
Lembrei que tenho 24 anos. Ufa!

Chega aí, pode entrar...
A festa foi no estilo “pra não colocar defeito”. Acabei ficando na mesa mais engraçada e eclética: uma prima vestida para o Oscar, com um longo prata invejável; outra de vestido moderno-chique, daqueles soltinhos e com um sinto na altura do estômago (coisa que eu pretendo não usar nunca), com destaque maior para o cabelo, que mostrava um penteado muito “tendência”, parte das madeixas repuxada, parte solta, franja simétrica, meio “novela das 8”, acho. Completavam o quadro um primo que simulava truques de mágica com um guardanapo; a namorada dele, morrendo de vergonha; minha irmã, louca de faceira com o vestido alugado; mais a ex-mulher de um tio que repetia a todo momento “estou sentido energias negativas”, em referência à oponente; meu namorado, atônito com tudo e em dúvida se estava participando das filmagens de algum pastelão; e eu, que aproveitava a gratuidade da bebida.
Minha irmã ficou um pouco preocupada quando percebeu que 40% das mulheres da festa usavam casaco/estola/bolerinho do mesmo tecido e cor que ela estava vestindo (cinza com brilhinhos prateados). Houve breve burburinho. Metade das meninas decidiu que estava muito quente e pendurou o casado na cadeira. Coincidência amenizada.

Tem que ter habilidade
Quando começou o arrasta-pé e foram distribuídos assessórios, a ex-mulher do tio colocou uma tiara de diabinha. Me sobrou um nariz de palhaço piscante. Estava decretado que os limites do bom senso tinham ficado do lado de fora do salão. Inclusive pra mim. Resolvi aprender a dançar o Créu com uma prima de 10 anos que me surpreendeu muito. Achei que ela ainda brincava de boneca. Sabe tudo de funk, a esperta. Eu ando desatualizada. E vi que, de fato, tem que ter habilidade. Essa coisa de descer até o chão, inclusive, não fica bem em todas as idades. Se as primas menores soubessem que eu sou do tempo da “boquinha da garrafa”... O bom é que o meu passado negro, documentado em agendas e fotos, está bem guardado em caixinhas encapadas escondidas no apartamento da capital.

Um comentário:

Anônimo disse...

bah esse teu blog é muito nada a ver