segunda-feira, março 09, 2009

Adriana, as novelas e eu

Acho que foram algumas novelas da Globo que fizeram eu me apaixonar pela voz da Adriana Calcanhotto. Talvez tudo tenha começado com a péssima "Renascer", em 1992. “Mentiras”, do disco “Senhas”, que estava na trilha da novela, foi uma das primeiras músicas que eu gravei em fita K7 para ouvir depois até gastar.
“Nada ficou no lugar
Eu quero quebrar essas xícaras
Eu vou enganar o diabo
Eu quero acordar sua família
(...)
Que é pra ver se você volta,
Que é pra ver se você vem,
Que é pra ver se você olha,
Pra mim”

Parece estranho uma criança de 8 anos ouvir isso, mas eu lembro que, naquela época, a Adriana cantava até no Show da Xuxa. Então eu não era precoce. Olhava muita tevê mesmo.

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Dois anos depois a Globo colocou no ar “Quatro por Quatro”, novela pela qual eu realmente era aficionada. Desta vez era “Metade”, do disco "A fábrica do poema" (1994), trilha sonora do casal Babalu e Raí, que me fazia companhia nos momentos de fossa (mas como uma criança de 10 anos tem “fossa” pra curtir, deusdocéu? não sei, mas foi assim)
“Eu perco o chão
eu não acho as palavras
eu ando tão triste
eu ando pela sala
eu perco a hora
eu chego no fim
eu deixo a porta aberta
eu não moro mais em mim

Eu perco as chaves de casa
eu perco o freio
estou em milhares de cacos
eu estou ao meio
onde será que você está
agora?”

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O tempo foi passando e chegou uma fase em que eu gostava do que a Adriana cantava independentemente das trilhas sonoras de novela, embora as músicas dela, durante quase toda a década de 1990, tenham servido de fundo romântico para casais globais. Em 1998, com 14 anos, tempos em que eu ainda gravava as tais fitas K7, quase enlouqueci ouvindo “Vambora”, do cd “Marítimo”, e pensando em uma paixonite de verão que não sobreviveu nem ao outono. A música foi trilha da novela Torre de Babel (a Wikipédia que me disse, já que essa eu não assisti).
“Entre por essa porta agora
e diga que me adora
Você tem meia hora
pra mudar a minha vida

Vem, vambora
que o que você demora
é o que o tempo leva”

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Mas foi o álbum "Público" (2000) que me fez pirar. Tinha 17 anos e comprei o cd com meu primeiro salário de estagiária, na Multisom da Rua da Praia, aquela perto do shopping. Só que aí tinha novela no meio de novo. Numa noite eu escutei “Devolva-me” em “Laços de Família” – a música era tema de um casal muito sem-gracinha. No outro dia eu estava na loja comprando o cd. Foi proveitoso porque, nesta fase, eu já tinha maturidade para ouvir com atenção todas as faixas.
“Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim será melhor
Meu bem

O retrato que eu te dei
Se ainda tens
Não sei
Mas se tiver
Devolva-me

Deixe-me sozinho
Porque assim
Eu viverei em paz
Quero que sejas bem feliz
Junto do seu novo rapaz”

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Do cd Cantada, de 2002, gosto de quase tudo. Music eu acho que vai longe demais. Justo Agora e Pelos Ares não consigo só ouvir. Sempre canto junto. No meu mp3, atualmente, só dá “Eu espero”.
“Não vá me deixar
sem seu beijo
Se tudo o que há
não é muito mais
do que o momento”

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Prometi pra mim mesma que o “Adriana Partimpim” (2004), supostamente destinado ao público infantil e com o qual já presenteei duas crianças, constará na minha lista de compras da Saraiva (frete grátis, coisaetal) no mês que vem. O disco "Maré", de 2008, confesso que só ouvi umas duas vezes e ainda não bateu. No entanto, tem uma música que a Adriana vem cantando nos shows que merece destaque. É “Meu Mundo e Nada Mais”, do Guilherme Arantes, que foi tema da Glória Pires na novela “Anjo Mau”.

Dia desses a Adriana deu uma entrevista para a Globo News e contou sobre o piripaque aquele que ela teve em Portugal, quando tomou uns remédios para gripe e, devido a uma reação inesperada do organismo aos medicamentos, começou a ver gnomos. A única coisa que a acalmava era escrever. E foi o que ela fez.

Então nasceu o livro “Saga Luza” (que também está na lista de compras do mês que vem), no qual a cantora narra a tal experiência com as alucinações. Passado susto e com uma série de shows pela frente, ela só conseguia pensar na música do Guilherme Arantes, que foi incorporada ao espetáculo. Agora sou eu não consigo parar de pensar nesta música. E canto junto. E escuto de novo. Outra vez. E quase choro. Mais ou menos como quando eu tinha uns 10 anos.

Um comentário:

Bibiana Osório disse...

noossa, muita fossa infantil curti cantando "mentiras" e vendo novela. não sei se eu tinha noção do que eu cantava. só lembro que ouvir aquela música me fazia muito bem! há poucos dias descobri a música "senhas", em floripa, numa tarde de carnaval. linda!

é... comigo parece que acontece tudo fora de hora e de lugar adequado... heheheh