sexta-feira, março 30, 2007

Eu, sozinha no bar

Por uma dessas cachorrices que amigas desalmadas cometem e que nem Cristo conseguiria explicar, acabei eu, numa quarta-feira à noite, sozinha no bar. Experiência única, confesso. Tinha me programado para tomar cerveja e comer um xis. Falta de companhia não iria impedir. Optei por uma mesa do lado de dentro (na rua ia ser muito mico). Sentei, pedi o cardápio: “uma Polar e um xis salada sem ovo”. O garçon fez cara de que iria perguntar “dois copos?”. Eu fiz cara de que a pergunta não seria bem-vinda. Ele se foi e voltou com a cerveja mais gelada que já tomei na vida. E um copo.
Nas mesas ao meu redor, casais, grupos de amigos, homens sozinhos. Entre olhar para o horizonte e ver televisão, fiquei com a segunda opção. Novela, Big Brother e... jogo do Inter! Sim, muito azar da minha parte. Mais homens começaram a chegar, irmanados por um sentimento futebolístico do qual eu estava muito distante. Me dei conta de que o bar iria encher de homens, que eu estava ali sozinha, com a minha cerveja incrivelmente gelada, e que seria alvo de comentários machistas, preconceituosos, descabidos.
O xis não demorou para chegar. Lá fui eu, com os talheres, devorá-lo. Mais homens devidamente fardados e ansiosos adentravam o recinto. Olho para o xis, olho para a porta, olho para os lados. Começou o jogo. Não sei se foi fruto da minha imaginação, mas lembro de ter ouvido, lá pelas tantas: “Se está sozinha, boa coisa não é”. Respirei fundo, o xis já estava quase no fim.
Doze minutos de jogo. Engoli o último pedaço. Virei o último copo. Peguei minha bolsa e saí de fininho, sem olhar para os lados. Com muita concentração, era preciso percorrer uma linha reta interminável até o caixa. Questão de vida ou morte! Paguei a conta e corri pra casa sem olhar para trás. Ser mulher pós-moderna não é tão fácil quanto eu imaginava.

2 comentários:

Anônimo disse...

pô, onde andam as atualizações? vai perder um leitor... eheheheheh to brincando... otimo texto, mto bom de ler... bjos!

Jotapê disse...

A Júlia deste ano aprendeu a sair de noite sozinha, divertir-se com os garçons e os outros companheiros de copo. Tudo para perceber que é bem melhor ter companhia...